Brothers + Brewers = Browers. Este é o conceito que o Super Bock Group, a Plateform e a Startup Lisboa querem fixar no panorama dos apreciadores de cerveja, em especial a artesanal, em Portugal.
Em Lisboa, no Beato Innovation District, surge um espaço de microprodução de cerveja, um restaurante e uma área para a realização de eventos de várias índoles. São 700 m2 de espaço, geridos pela The Browers Company, uma spin off do Super Bock Group que investiu mais de 3,5 milhões de euros neste projeto. A apresentação institucional aconteceu ontem, 2 de agosto, mas ainda se preparam os últimos detalhes no espaço. O público terá de aguardar até outubro para pedir uma cerveja à beira do maior balcão do país, que se estende por 30 m e 40 cm.
Tiago Brandão, diretor-geral da The Browers Company, diz: «Construímos algo que representa a excelência que o Super Bock Group traz aos seus produtos, mas com a marca Browers, de forma colaborativa, com um conceito aberto à cidade e também à comunidade, não só de Marvila e zonas circundantes, mas do país”.
No espaço irá fazer-se a microprodução de cerveja artesanal, com capacidade até 120 mil litros por ano, em produções de 1000 litros de cada vez. Brewing for all é um conceito inclusivo que se pretende que aconteça em parceria com clientes do Super Bock Group e com outros microcervejeiros. Por agora, a produção de cerveja destina-se ao consumo no local, não estando completamente afastada a possibilidade de se comercializarem edições especiais fora do espaço. Tiago Brandão diz que, contudo, o objetivo não é esse: “Não sendo o elemento central do desenvolvimento deste projeto - aqui se faz, aqui se consome - instalámos uma capacidade que é superior ao que estimamos ser o consumo corrente. Dito isto, não faz parte do elemento central do nosso conceito. Gostaríamos que fosse uma unidade mais experimentalista e demonstradora.”
Experimentar novas possibilidades está na génese do projeto, que quer promover a sustentabilidade e, por isso, será semeada, no rooftop da fábrica, a primeira cultura de uma variedade nova - e portuguesa - de lúpulo, a planta que é uma das principais matérias-primas da cerveja.
«O turista segue o local e o local não segue o turista»
26 anos, 27 marcas, 149 restaurantes… e agora uma cervejaria. 20 anos passados da abertura do seu primeiro restaurante Vitaminas no Atrium do Saldanha, em 1998, o grupo Plateform recebia o convite para integrar o projeto Browers. Rui Sanches, o CEO do grupo, diz: «Tivemos o privilégio de trabalhar com uma equipa de arquitetos extraordinária que, tal como nós, pensa em cada detalhe. É um projeto desafiante porque nós estamos habituados a fazer pairings de cartas de vinhos ou cocktails e, na realidade, é a primeira vez que somos confrontados com este ótimo desafio de pensar numa carta que fizesse um bom pairing com o perfil das cervejas artesanais que vamos ter aqui”.
O restaurante abre em outubro e a cozinha vai contar com a experiência e consultoria de um dos chefs executivos da Plateform, Luís Gaspar, distinguido, em 2023, com o Prémio Chef de L’Avenir (Chefe do Futuro) pela Academia Internacional de Gastronomia, e que é responsável pelas cozinhas dos restaurantes Sala de Corte, Brilhante e Pica-Pau.
Rui Sanches sublinha: «Nos nossos restaurantes, desenvolvemos projetos para locais que, eventualmente, podem ter interesse para o cliente internacional. Nunca fazemos o contrário, porque achamos que o turista segue o local e o local não segue o turista. Trouxemos essa Portugalidade ao menu, com alguma modernidade”. Pensando apenas na área da restauração, e quando atingir a «velocidade de cruzeiro», Rui Sanches prevê a criação de 40 novos postos de trabalho.
De instalação militar a cervejaria num bairro inovador
Os arquitetos Eduardo Souto de Moura e Nuno Graça Moura idealizaram o projeto requalificação e modernização da antiga Central Elétrica da Manutenção Militar de Lisboa. Manteve-se o aspeto industrial e o tipo de materiais que seriam harmoniosos com o traçado original do edifício. «Encontrámos um edifício antigo, degradado, mas racional, feito por militares, que não tinha nada que não fizesse sentido. Os grandes desafios foram adaptar para uma nova utilização, de restauração, e tentar manter a atmosfera. Os equipamentos estão à vista e há um grande balcão que organiza o espaço, com 30 metros e 40 centímetros. De um lado estão as zonas de serviço e do outro estão as zonas públicas. A zona que é agora a do palco era uma antiga central de controlo”, explica Nuno Graça Moura. Eduardo Souto de Moura refere: “A maquinaria da central elétrica, há muito desaparecida, foi substituída por um conjunto de outros equipamentos que permitem novas funções. Julgamos que a “atmosfera” industrial se mantém. As imagens antigas mostram que o espaço, no essencial, pouco se alterou, como era nossa intenção.”
Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, está satisfeito com o novo projeto do bairro do Beato, agora conhecido como Beato Innovation District: «Estamos a falar de 18 edifícios e o grande objetivo é ter aqui o grande centro de inovação da cidade, o que se traduz em projetos experimentalistas, inovadores, disruptivos e até irreverentes. Há espaços onde estão instaladas Startups, espaços onde estão instaladas empresas de maior dimensão, com uma vertente tecnológica ou inovadora, e espaços com criativos e empreendedores. É esta mescla de conceitos que vem trazer uma vida muito própria ao Beato Innovation District e este projeto, para nós, fazia bastante sentido.»
A parceria entre o Super Bock Group, a Câmara Municipal de Lisboa e a Startup Lisboa, materializada na Browers Beato, resulta da vontade de posicionar Lisboa como uma cidade ainda mais aberta ao mundo, empreendedora, inovadora e criativa, com capacidade de atrair e reter talento nacional e estrangeiro.