A equipa de arqueologia das Ruínas Romanas de Tróia, do Troia Resort, e o restaurante CAN THE CAN realizaram, pela primeira vez em mais de quinze séculos, uma produção de Garum num dos tanques de salga de peixe do complexo arqueológico, reconhecido como o maior centro industrial de salgas de peixe do Império Romano.
Depois de 5 meses de processo de fermentação, o Garum está pronto a ser retirado dos tanques. Esse momento acontece a 6 de novembro.
O lançamento da produção do garum feito com sardinha fresca de Setúbal teve lugar a 26 Maio. Passados mais de 5 meses o garum está finalmente pronto e será retirado do taque no sábado, dia 6 de novembro, pelas 14h00.
O evento decorrerá nas Ruínas Romanas de Tróia e será a oportunidade para provar o condimento do Império Romano, produzido outra vez em terras lusitanas. O produto obtido será depois comercializado pelo restaurante Can the Can.
A iniciativa partiu do restaurante CAN THE CAN que, através do projeto SELO DE MAR, conduzido pelo designer e investigador Victor Vicente e o chef Pedro Almeida, pretende estudar e recuperar as técnicas de conservação de pescado e inovar a partir da tradição, em colaboração com o TROIA RESORT e a sua equipa de arqueologia das Ruínas Romanas de Tróia, liderada por Inês Vaz Pinto.
O projecto conta ainda com a participação das investigadoras na área alimentar Marisa Santos, Catarina Prista e Anabela Raymundo do Centro de Investigação em Agronomia, Alimentos, Ambiente e Paisagem do Instituto Superior de Agronomia, e da zooarqueóloga Sónia Gabriel e da palinóloga Patrícia Mendes, ambas do Laboratório de Arqueociências da Direcção Geral do Património Cultural.
A designação de Garum é normalmente utilizada para definir molhos de peixe líquidos que servem para condimentar outros alimentos.
Altamente proteico, o Garum tem um sabor umami e era usado como condimento e para aumentar a intensidade do sabor dos alimentos, sendo muito apreciado no passado. Podia ser feito a partir de diversos tipos de peixe, tais como a anchova, a cavala, o atum, a moreia e outros, que determinavam a sua qualidade e o seu preço. Em Tróia foram encontrados principalmente vestígios de sardinha, razão da escolha desta espécie para esta produção, além do simbolismo que a mesma representa para Portugal.
As Ruínas Romanas de Tróia foram o maior centro industrial de salgas de peixe do Império Romano, localizado na península de Tróia, na margem sul do estuário do Sado, a poucos quilómetros de Setúbal. Este sítio arqueológico é Monumento Nacional desde 1910 e está inscrito, desde 2016, na Lista Indicativa Portuguesa do Património Mundial.