O grupo Costa Nova Indústria volta a crescer com a Ecogres - Cerâmica Ecológica, uma das fábricas de grés fino, sediada na Zona Industrial da Mota, em Ílhavo.

Este projeto não surge porque a sustentabilidade está na moda”, ela sempre fez parte da missão” do grupo Costa Nova, lembrou o CEO, Miguel Casal, que reclamou “um regime de exceção, ao nível da pegada carbónica e dos objetivos de eficiência energética para uma indústria com uma natureza sustentável, cujos produtos têm um ciclo de vida prolongado, são recicláveis e reutilizáveis.”

Miguel Casal pediu também soluções do Governo para resolver o problema da fixação de mão de obra: “Não existe habitação disponível. Termos de rever o ordenamento do território, pensar fora da caixa, e encontrar soluções para fixar os trabalhadores perto das zonas industriais. Isso resolverá o problema da habitação e dos transportes, porque é utópico pensar que vamos ter transportes públicos a toda a hora, à porta das fabricas”, argumentou o CEO do grupo, sediado em Vagos.

A Ecogres – Cerâmica Ecológica, que ocupa 16 mil metros quadrados e implicou um investimento de cerca 14 milhões de euros, emprega atualmente 150 pessoas e está a produzir entre 15 a 20 mil peças por dia. A médio prazo, o objetivo do grupo Costa Nova Indústria é duplicar a produção e o número de postos de trabalho.

Ecogres

O presidente da Câmara de Ílhavo, João Campolargo, destacou a mais-valia que representa para o concelho acolher uma nova unidade industrial: “Com este investimento, o nosso município ganha sempre mais voar económico, social e ambiental. E esta Zona Industrial da Mota ganha também uma empresa de referência, salientou o autarca numa cerimónia que decorreu na passada quarta-feira e que contou, entre outros, com o presidente da Câmara de Vagos, Silvério Regalado, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Isabel Damasceno, o Presidente do Compete, Nuno Mangas, assim como representantes das associações empresariais locais.

A nova unidade nasce do compromisso efetivo com a sustentabilidade e de uma aposta constante na inovação por parte do grupo, e tem a sua génese num projeto de I&D, em parceria com a Universidade de Aveiro. Dele resultou o Ecogres, uma matéria-prima reinventada, com 98% de materiais reciclados e 100% ecológica, que dá forma a algumas das coleções Costa Nova, a marca de referência do grupo, um dos maiores produtores mundiais de grés fino, reconhecido pela sua empresa de cerâmica Grestel, fundada há precisamente 25 anos.

O êxito no mercado – nacional, mas sobretudo internacional - das coleções com o selo de garantia Ecogres motivou a construção de uma nova unidade exclusivamente dedicada à produção destes artigos, que começou a laborar este ano, ainda a metade da sua capacidade.

“Mais do que uma marca ou um produto, a Ecogres é um conceito, uma fábrica, uma filosofia. Apostámos desde sempre na inovação e na sustentabilidade, quer na parte industrial, quer na parte social. E esta nova fábrica é o exemplo maior das boas práticas de produção de cerâmica sustentável, uma das instalações industriais mais avançadas do mundo em termos de eficiência energética”, sublinha Miguel Casal, CEO do grupo Costa Nova. 

Do ponto de vista ambiental, os artigos Ecogres oferecem uma série de benefícios. Para além de contribuírem para a conservação dos recursos naturais de argila, são submetidos a uma cozedura com uma temperatura 2,6% mais baixa do que o processo normal, o que significa um menor consumo de energia e uma redução das emissões. Por outro lado, o sistema de produção em mono combustão permite consumir entre 50 e 70% menos energia do que o sistema normal de dupla combustão.

O processo produtivo inclui uma pasta cinzento-escura e outra castanha, que funciona como elemento decorativo, necessitando, por isso, de menor quantidade de vidrado, um produto que é importado, pelo que tem associada uma menor pegada ecológica.

Todo o layout da fábrica foi pensado com o objetivo de aumentar a produtividade, reduzir o esforço humano, a pegada ecológica da cerâmica e o consumo de energia e de recursos. Utilizando painéis solares de 580 kW, a nova unidade gera 55% da energia consumida, recorre a equipamentos modernos e com elevado grau de automação, e está equipada com fornos que permitem uma redução de consumo superior a 30%, sendo, aliás, os únicos em Portugal preparados para utilizar até 50% de hidrogénio. O próprio calor produzido pelos fornos é reutilizado para aumentar a sua eficiência, tornando-os 15% mais eficientes do que os existentes no mercado.

A Ecogres - que surge da requalificação de uma antiga fábrica para, assim, ser também fiel aos princípios em que se funda – tem instalada, tal como as outras três unidades fabris do grupo, uma ETARI que separa o tratamento de água dos vidrados e da água proveniente da preparação da pasta para permitir que toda a água seja reutilizada em processos de limpeza interna ou reintroduzida no processo produtivo.

O grupo tem a sua génese na Grestel - Produtos Cerâmicos, fundada em 1998 e sediada em Vagos, onde se dedica à produção de artigos de mesa, forno e acessórios de servir em grés fino, e emprega 900 dos 1060 colaboradores do grupo. Opera nas áreas de Private Label (produzindo grés de mesa para reconhecidas marcas internacionais) e detém as marcas Costa Nova e Casafina.

Os seus produtos são vendidos nos cinco continentes e estão presentes nas mais conceituadas lojas e hotéis do mundo. Entre 85 e 90% da produção destina-se à exportação, com os Estados Unidos da América como o principal mercado, representando cerca de 50% da faturação. Em 2022, o grupo registou um volume de negócios de 40,1 milhões de euros.